Arte por ELG21
A invasão russa em território ucraniano, que iniciou no dia 24/02 (quinta-feira) e segue por mais de vinte dias, tem influência direta na vida de todos os seres da Terra.
É impossível achar que em 2022, um conflito armado — mesmo que do outro lado do planeta — não impacte as pessoas que estão distantes do fronte.
Com um mundo globalizado, as fronteiras — que parecem distantes — se aproximam, e até mesmo quem não escuta as bombas do combate, sofre com os danos que elas causam.
Uma guerra entre dois países desenvolvidos, que possuem inúmeros parceiros comerciais, gera um grande desequilíbrio entre as nações, prejudica a cooperação mundial para a solução dos desafios globais, como as mudanças climáticas e a fome.
Arte por Kellepics
Não se pode justificar a paz fazendo a guerra!
Ainda assim, há quem insista nesse erro.
E afinal de contas, qual o motivo disso tudo?
Entenda algumas razões para Putin ordenar a ofensiva russa:
Possibilidade da Ucrânia integrar a OTAN: a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO) é um tratado militar de cooperação entre países da América do Norte e Europa criado em 1949. A Ucrânia ensaiava uma entrada na OTAN e isso incitou o movimento militar russo, que se sentiram pressionados pelos movimentos do bloco.
Conflito com separatistas na Ucrânia: em 2014, com a anexação da Criméia (estado ucraniano) à Rússia, intensificaram-se movimentos separatistas, por apoiadores do governo russo, até a declaração de independência das províncias de Donetsk e Luhansk, leste da Ucrânia, fato que não foi reconhecido pela comunidade internacional.
Crise de identidade russa: para o entendimento de Vladimir Putin (e alguns russos), a Ucrânia é uma nação eslava irmã, com um ancestral comum. Essa visão dominante do nacionalismo russo é muito poderosa e traz uma crise de identidade cultural. Dá para dizer que é a “Guerra do Ego”, e o líder russo insiste em dizer que vai salvar a nação vizinha de genocidas neonazistas.
O Legado Putin: o presidente russo está no poder há mais de duas décadas, ex-agente da KGB (agência de inteligência da antiga União Soviética), é um líder preocupado com o seu legado, especialmente por “assuntos inacabados” em sua relação com a Ucrânia.
Vladimir Putin — presidente russo — imagem Yuri Kochetkov/AFP veja.abril.com.br
Yuval Harari, autor de Sapiens e 21 Lições para o Século 21, diz que “se o Putin vencer, veremos mais ‘Putins’ em muitos lugares do planeta. Veremos países imitando o russo, invadindo os vizinhos e tentando destruí-los. É do interesse de todos, no mundo inteiro, fazer o que puderem para parar essa guerra terrível. É a hora da verdade para a democracia, para a paz e para o futuro da humanidade”.
Além disso abre precedentes para ações militares em outros lugares da Terra, colocando em perigo a paz mundial.
Violência gera mais violência :(
Soldados ucranianos após um dia de bombardeio — imagem Sergei Supinsky/AFP correiobraziliense.com.br
Impacto na Economia
Logo após começar a invasão russa, o mercado financeiro reagiu com fortes quedas das bolsas globais, gerando um ambiente de incerteza.
A Rússia é uma grande exportadora de commodities, e uma situação de guerra faz com que o preço de matérias-primas aumente drasticamente. Ambos os países são exportadores mundiais de grãos, assim sendo, os produtos derivados também são afetados.
Do que já se tem certeza dos impactos econômicos: as cotações de dólar, ouro e petróleo dispararam.
Após a guerra, você imagina como vai ficar a economia ucraniana?
Será necessário um árduo trabalho de reconstrução desse país.
O fato é que a guerra precisa acabar o quanto antes.
Crise do Petróleo
Um conflito moderno, armado entre nações, faz com que o ritmo de atividades econômicas ao redor reduza, ou seja, a Europa diminui suas transações, também em função da sua dependência do gás natural russo, reduzindo a demanda por petróleo.
É um efeito dominó que se inicia ao redor do mundo.
O Brasil produz petróleo em abundância, mas não tem capacidade de refinar o petróleo que consome, assim, exporta petróleo bruto e importa ele refinado, na forma de combustíveis.
Subindo o preço do petróleo, sobe o preço do combustível, o que já pode ser observado nas bombas dos postos.
Postos de combustíveis sobem o preço após atualização de preço da Petrobras
Se a gasolina já estava cara antes, vai ficar ainda mais.
Esse efeito também pode potencializar o investimento por outras matrizes energéticas, limpas e renováveis, além de acelerar a “crise do petróleo”. As fontes renováveis, como solar e eólica, tendem a ficar economicamente mais competitivas.
Justamente pela necessidade da Europa Ocidental reduzir a dependência energética da Rússia, novas fontes de energias ganham espaço.
Sociedade ferida
A Ucrânia é uma importante fornecedora global de grãos e milho, por isso a invasão russa pode gerar escassez de alimentos, gerando um desequilíbrio na distribuição de alimentos e acentuando a fome em países subdesenvolvidos.
Se por um lado temos Putin sofrendo uma crise de identidade, do outro temos uma sociedade ucraniana resistindo para proteger o seu país, a sua cultura e a sua identidade.
Segundo o historiador israelense Yuval Harari, a Ucrânia tem mais de mil anos de história como nação independente. Kiev já era uma metrópole quando Moscou não era nem uma vila, era floresta.
E ainda assim, o Kremlin insiste em dizer que o país vizinho pertence à Rússia.
Os ataques às áreas civis por tropas russas danificaram a infraestrutura e fizeram com que pessoas tivessem que escapar da violência.
Soldados carregam idosa em fuga em Irpin, nordeste de Kiev, na Ucrânia — imagem Sergei Supinsky/AFP
Mais de 1,7 milhões de pessoas fugiram da guerra na Ucrânia, conforme dados da Acnur (Agência da ONU para Refugiados) e a estimativa é que sejam 4 milhões até o fim do conflito armado.
A população foi expulsa de suas casas por conta do perigo.
Guerra entre espécies
Os seres humanos, quando fazem a guerra, não consideram as outras espécies, nem os outros seres que habitam o ecossistema atacado. A fauna e a flora da Ucrânia estão sendo devastadas, com bombas caindo, tanques abrindo clareiras em florestas, sendo montada uma verdadeira zona de combate.
Os conflitos armados vitimizam a biodiversidade, paralisando o sistema de gestão ambiental, já que as pessoas estão lutando para sobreviver.
O meio ambiente é uma vítima esquecida da guerra.
Tanto é que existe o “Dia Internacional Para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente na Guerra e no Conflito Armado”, reconhecido pela ONU e celebrado no dia 6 de novembro de cada ano.
Imagem por JPLEnio
A ofensiva militar russa, com bombardeio aéreo e deslocamento de grande número de tanques e blindados, lançou poluição, estilhaços, elementos químicos poluentes e toneladas de carbono na atmosfera, com intensa queima de combustíveis fósseis.
A lógica de guerra objetiva destruir infraestrutura, cadeias de suprimento e trazer caos no oponente. A questão é que todos os seres são afetados, ou seja, todos são (somos) oponentes. O que a humanidade tenta construir, a guerra vem para destruir.
Segundo Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), o ataque à infraestrutura energética pode ter atingido parte dos quinze reatores nucleares das plantas de geração de energia em funcionamento na Ucrânia, expondo o ambiente à contaminação radioativa. Explica ainda que colossais incêndios em dutos de gás e óleo foram provados, lançando na atmosfera material particulado carcinogênico (altamente prejudicial à vida).
Algumas estações de tratamento de esgoto foram atingidas e coliformes fecais foram liberados nos rios, provocando riscos epidemiológicos que implicam, inclusive, em contaminação na produção de alimentos.
O solo contaminado na Usina de Chernobyl sofreu vibrações severas com a passagem de tanques e veículos pesados, liberando poeira com contaminação radioativa que já estava sedimentada no solo.
A guerra nunca foi solução para nada!
Além de trazer inúmeros problemas que não são dimensionados, prejudica diretamente os seres que habitam o Planeta.
O preço que se paga é muito alto, e todos perdem!
Vai haver um elevado custo para a Rússia também.
Visto assim, Vladimir Putin já perdeu o conflito.
É importante manter a lucidez e buscar alternativas que não envolvam conflito bélico, e nem invasão e/ou destruição de outro país.
Com o grau de consciência que a sociedade possui sobre a vida, e a existência nesse plano terrestre, é inadmissível uma situação como a que está passando na Ucrânia.
É preciso revigorar os laços humanos que nos fazem um só Planeta, um ecossistema, que necessita habitar em harmonia.
O diálogo pautado pela ética nos aproxima como sociedade, e o respeito deve prevalecer sempre.
Enquanto houver uma barreira de ódio, estaremos fadados ao fracasso.
Protestos contra Putin, na Ucrânia — Imagem Valery HACHE/AFP
“A ganância envenenou a alma do homem, criou uma barreira de ódio, nos guiou no caminho do assassinato e do sofrimento” Charles Chaplin em O Grande Ditador.
Mas quando o amor vencer, estaremos aptos a evoluir, ou — ao menos — seguir no processo de evolução.
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo” — Nelson Mandela (Nobel da Paz em 1993).
Por menos ‘Putins’ e mais ‘Mandelas’ na sociedade.
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